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O primeiro House

O primeiro House

elo do On & On do MachGrande parte das pessoas concorda qual foi o primeiro Detroit Techno (e logo o primeiro Techno), mas qual foi o primeiro disco de House? Aquele que muita gente considera como o primeiro House prensando, ou seja, o disco que originou (ou meta-originou, eu talvez deveria dizer?) o estilo, tem uma história curiosa, no mínimo, pitoresca.

Esta história obviamente aconteceu em Chicago, onde o DJ Jesse Saunders discotecava. Uma de suas faixas preferidas chamava-se “On & On“, produzida por Mach (Remix Records, 1980). Este On & On é um megamix de outras faixas de Disco, entre elas o baixo do Funky Town do Lipps Inc. e os vocais (hey, beep beep) de Bad Girls cantada pela Donna Summer.

selo do On & On do JesseDizem que Jesse teve seu vinil de On & On roubado e, portanto, decidiu produzir sua própria versão, usando alguns dos mesmos samples e trechos do megamix “original”, mais uma bateria eletrônica TR-808, um teclado Korg e seus próprios vocais. A versão de Jesse para On & On, considerada o primeiro House, foi prensada em janeiro de 84 pelo selo Jes Say Records (com ajuda do amigo Vince Lawrence).

Assim, o primeiro House foi nada menos que uma reconstrução, bastante tosca, de um medley, bootleg ou megamix de faixas de Disco. Ou seja, uma versão de uma versão de um punhado de faixas dos anos 70… Nada poderia ser mais “house music”, desde o início!

5 Comentários
  • Raul Aguilera

    Interessante.
    E até hoje eu achei que “On & On” fosse música do Frankie Knuckles.
    E então por que ele levou todos os créditos como pioneiro da house? Por ter tocado primeiro esses discos na Warehouse de Chicago?

    16/02/2007 em 02:27
  • Guilherme M.

    Olá Raul,

    Entendo o que você está falando. Mas, primeiro, não acho que o Frankie leva todos os créditos. Tinha outro DJ também em Chicago, chamado Ron Hardy, que tocava um som mais parecido com o que a gente chama de House hoje em dia, pois era mais acelerado, cru, recheado de baterias eletrônicas, e de re-edits repetitivos de clássicos da Disco. Ron também era mais receptivo às primeiras faixas de (acid) House produzidas na época, e tocou, em tape, mesmo antes de serem prensadas, faixas como Acid Tracks, Like This (do Chip E), Lost Control (do Sleazy D, produzida pelo Marshall Jefferson), etc. Leia este meu artigo sobre o Ron para saber mais. Esse artigo também contém links para vários mixes dele gravados na época, que mostram bem o que eu falei.

    Outra idéia que acho importante. O nascimento do House (como qualquer outro estilo) não foi um acontecimento do dia pra noite. Não quer dizer que a partir de janeiro de 1984, quando o Jesse Saunders lançou o On & On, o House estava oficialmente nascido. O lançamento de On & On é somente um marco. Eu vejo mais como um processo, que já vinha de antes. Ou seja, os DJs de Chicago, principalmente o Ron e o Frankie – por isso chamados “pais da House music”, começaram a mesclar o antigo Disco com música européia mais nova (como Italo Disco, eletrônica alemã, Synth-Pop), a tocar Disco mais acelerado, fazendo seus próprios edits simplificados e repetitivos, incrementados por baterias eletrônicas, etc. Isso aos poucos foi se tornando no que chamamos de House.
    O Frankie leva bastante crédito, eu acredito, primeiro porque o nome do clube que ele tocava – Warehouse – batizou o tipo de som, e também porque ele tinha esta residência desde 1977 quando abriu o Powerplant (que era seguramente um clube de Disco, tanto que Frankie foi “importado” de Nova York – capital da Disco, onde Frankie era um DJ de pouca expressão – para ser o residente). O Ron começou sua residência no Music Box alguns anos mais tarde. Por outro lado, Frankie sempre tocou músicas mais melódicas, como Waiting For My Angel e Your Love (produzidas na verdade pelo Jamie Principle), e seu nome foi associado a estas faixas (como você pode ver nos selos destes discos) mais como um produtor executivo, fazendo a mixagem ou edição final (afinal ele era o DJ famoso, que iria tocar as faixas).

    Mas voltando ao On & On, o Frankie não tem relação nenhuma com essa produção.

    16/02/2007 em 08:47
  • trepanado

    O primeiro techno de Detroit, brincando, é A Number of Names – “Sharevari”, de 1981.

    16/02/2007 em 15:00
  • Guilherme M.

    Discordo. Assim como o Alleys of your Mind do Cybotron (também de 1981), Sharevari é pré-techno. Alias, Sharivari é muito mais um extensão de Italo-Disco e um tributo a cena de festas de colégio em Detroit (onde uma das galeras chamava-se ChariVari, inspirada numa marca de roupas italiana!). Embora ambas as coisas (Italo-Disco e as festas de colégio) estejam intimamente ligadas ao início do Detroit Techno, em Sharivari não tem referências à technologia, às linhas melódicas de sintetizadores, etc, como conhecemos no Techno. O próprio vocal em Sharivari não tem nada de Techno (“Sharivari is here to party”, qual Detroit Techno que fala sobre festas???). Por outro lado, você não acha que “They say no UFO…” é muito mais sci-fi, muito mais techno?

    Se você quiser uma segunda opinião, leia o Techno Rebels, do Dan Sicko. Ele diz mais-ou-menos a mesma coisa…

    16/02/2007 em 15:44
  • henrique

    olha eu quero dizer uma coisa sobre o “primeiro House”. estes dias fiquei muito impressionado com esse disco do brasileiro Eumir Deodato,

    http://www.discogs.com/release/733902

    de 1980. tem faixas ali q são muito, mas muito House!. tem uma inclusive que parece um modelo pra as melhores músicas do Glenn Underground. e o Deodato tem muitos outros releases antes desse. acho q esse meu depoimento vem ao menos mostrar como fica dificil estabelecer uma lei neste assunto.

    19/02/2008 em 18:33